quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Poema sinfónico

Não, não conhecia este termo até há pouco tempo… chamem-me ignorante. Sim, é um conceito delicioso. Um poema sinfónico é uma peça de música orquestral única e contínua (o chamado movimento) na qual uma ideia extra-musical é descrita.

Pode ser um poema, um conto, uma paisagem, uma ideia, um estado de espírito, etc. É inspirado em qualquer coisa não-musical e que, aos olhos do compositor, valha a pena evocar, com a intenção de inspirar os ouvintes a imaginarem o que está a ser musicalizado.

Richard Strauss (não confundir com Johann Strauss, célebre pelas valsas vienenses) é um dos mais emblemáticos compositores de poemas sinfónicos. Todos já ouviram pelo menos parte de Also sprach Zarathustra (Thus spoke Zarathustra, 1896), inspirado no tratado filosófico de mesmo nome de Friedrich Nietzche, mas ninguém o ouviu sem sentir um arrepio, com certeza.

Trata-se da célebre música de abertura do mítico filme de Stanley Kubrick 2001: Odisseia no Espaço, no qual encaixa na perfeição.
Tod und Verklärung (Death and Transfiguration, 1889), composto quando tinha apenas 25 anos, é outro poema sinfónico de Strauss que admiro bastante. Descreve os pensamentos de um artista, no sei leito de morte, sobre a sua vida: a inocência de criança, a luta diária na vida adulta, a conquista de objectivos de vida. Recebe no fim a tão esperada transfiguração, “para o céu infinito”. Sessenta anos mais tarde, no seu próprio leito de morte, Strauss disse à sua nora – "It's a funny thing Alice, dying is just the way I composed it in Tod und Verklärung.” Oh céus…

No final de contas, é certo que o conceito de musicalizar algo não-musical não é nada de que não tenhamos ouvido falar. Estamos habituados a ele até na música moderna. No entanto considero-o, assim como o termo “poema sinfónico” das coisas mais fenomenais que existem. Ou é de mim?

Já dizia Friedrich Nietzche – “Sem música, a vida seria um erro”.

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